Pe. Reginaldo Manzotti: nós podemos rejeitar o mal e temos força para isso

Filhos e filhas, hoje é dia de batalha. Pediremos a intercessão de Nossa Senhora, Augusta Rainha e São Miguel Arcanjo, Príncipe Guerreiro para que nos proteja de todos os dardos inflamados do Maligno.
Cada oração tem um sentido particular e são nossas orações que a Igreja precisa e a Eucaristia nos inspira e edifica em cada ação na nossa libertação total.
Nós podemos rejeitar o mal e temos força para isso, pois a graça de Deus fortalece nossa vontade. O grande problema é que somos vulneráveis às seduções do Maligno, que se vale das tentações mundanas para nos oprimir e dominar a nossa mente. Deus, porém, não nos abandona. Para nos ajudar a vencer essa batalha espiritual.
E faço um pedido: tenham sal e água para serem abençoados e juntos levantaremos um clamor pela proteção da Igreja.
Por que sal e água?
Assim como o sal, a água benta é o que chamamos de sacramental, ou seja, um sinal sagrado que remete aos sacramentos e que produz efeitos sobretudo na ordem espi- ritual (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1667). Os sacramentais não conferem a graça do Espírito Santo como os sacramentos, mas são vias de bênção e de comunhão com o Criador.
A água é essencial à vida e, na Bíblia, simboliza a presença de Deus. De acordo com o Gênesis, a ação criadora de Deus organizou o caos separando as águas umas das outras por meio do firmamento, ao qual chamou de Céu; por cima dele ficam as “águas de cima”, enquanto no continente (terra) situam-se as “águas de baixo’’, das quais Ele fez brotar vida (cf. Gn 1,1-12).
A água também é símbolo de purificação. O pecado entrou no mundo com Adão e Eva e foi se disseminando a tal ponto que Deus resolveu intervir, empenhando-se em destruir a humanidade com um dilúvio, do que se arrependeu: optou, antes, por restaurá-la completamente mediante uma aliança com Noé. Esse acontecimento marcou o encerramento de um ciclo na história do homem e o início de uma nova fase, sendo Noé considerado o “pai” da nova humanidade.
As águas do dilúvio são precursoras do Batismo, que apaga os pecados e dá vida nova em Cristo, como nos ensina o Catecismo: “Por esta releitura no Espírito de verdade a partir de Cristo, as figuras são desveladas. Assim, o dilúvio e a arca de Noé prefiguravam a salvação pelo Batismo, o mesmo acontecendo com a nuvem e a travessia do Mar Vermelho, e a água do rochedo era a figura dos dons espirituais de Cristo; o maná do deserto prefigurava a Eucaristia, ‘o verdadeiro Pão do Céu’” (Catecismo da Igreja Católica, 1094).
Para que a água tenha eficácia como arma de combate espiritual, é preciso que o sacerdote faça sobre ela a oração prescrita pela Igreja no chamado Ritual de Bênçãos:
“Senhor Deus todo-poderoso,
Fonte e origem de toda a vida,
Abençoai esta água que vamos usar confiantes Para implorar o perdão dos nossos pecados
E alcançar a proteção da Vossa graça
Contra toda doença e cilada do Inimigo.”
O sal durante muito tempo, chegou a ser utilizado como pagamento e moeda de troca, dando origem à palavra “salário”.
Na Antiguidade, obviamente não existia geladeira nem congelador, então o sal era primordial para a conservação dos alimentos, configurando-se assim suas duas grandes finalidades: conservar e dar sabor. Para os gregos, o sal era sagrado.
No período da passagem de Jesus pela Terra, os rebanhos pastavam soltos, e ao anoitecer as ovelhas voltavam ao curral seguin- do os rastros de sal, que as conduzia pelo caminho certo. Esse é, portanto, o sentido religioso do sal: conduzir-nos — nós, as ovelhas dispersas — até o rebanho de Jesus, o Bom Pastor. Por isso, também pensando no apostolado que todos somos chamados a fazer com o próximo, Ele nos disse: “Vós sois o sal da terra” (Mt 5, 13).
Na Bíblia, além de dar sabor, o sal é tido como um elemento que purifica e conserva, garantindo alimentos duradouros. Da mesma forma, no Antigo Testamento, Eliseu purificou com sal a fonte de água de Jericó, tornando-a potável (cf. 2 Rs 2, 19-22).
O Missal Romano prescreve a oração de bênção do sal a ser misturado à água. O sacerdote abençoa o sal, dizendo:
“Deus de bondade,
abençoai o sal que mandastes o profeta Eliseu lançar à água para torná-la fecunda.
Fazei, ó Deus, que por toda parte,
onde esta mistura de água e sal for aspergida,
seja afastado todo ataque do Inimigo,
e guarde-nos constantemente a presença do Espírito Santo. Por Cristo, nosso Senhor,
Amém.”
Até o ano de 1973, o sal foi usado no Batismo católico como forma de expulsar o Demônio (purificação), além de ratificar a missão de toda pessoa batizada, que é ser sal da terra e luz do mundo. Vale lembrar que o sal abençoado pode ser utilizado no preparo dos alimentos, para preservar a saúde do corpo e da alma, ou salpicado nos cantos da casa, como forma de proteger o local contra influências maléficas.
Finalizo chamando novamente a atenção para o fato de que os sacramentais, embora de grande ajuda na batalha espiritual, não são os elementos determinantes: sem fé e espírito de oração, eles de nada servem.
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