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Carlo Acutis renova nos católicos o desejo pela santidade, diz padre

Igreja 09/10/2020/ 15:52:07
Carlo Acutis renova nos católicos o desejo pela santidade, diz padre

Corpo de Carlo Acutis poderá ser venerado até o dia 17 deste mês no Santuário do Despojamento, em Assis, na Itália/ Foto: Nicola Gori-CNA

Julia Beck

Da redação, com colaboração de Lizia Costa e Jéssica Marçal


Neste sábado, 10, a Igreja Católica ganhará mais um beato: Carlo Acutis. A história do jovem italiano que foi vítima de uma leucemia fulminante tornou-se ainda mais popular após a exposição do seu corpo no Santuário do Despojamento em Assis, na Itália, no dia 1 de outubro.

A imagem do corpo – que embora esteja preservado, não está incorrupto, viralizou no Brasil. Um dos principais pontos que chamou atenção dos católicos é a vestimenta do jovem venerável: jeans, tênis e moletom.

A roupa, como conta o reitor do Santuário do Despojamento, padre Carlos Acácio Gonçalves, demonstra um pouco de quem foi Carlo: alguém que tinha horror do supérfluo e que encontrou, em vida, o verdadeiro tesouro. Tais características se assemelham às de São Francisco, aponta o sacerdote.

“Tem muitas coisas que ligam Carlo a Francisco. Sua família era muito rica, mas Carlo nunca foi apegado aos bens materiais. Ele tinha horror do supérfluo. Isso quer dizer que ele encontrou o verdadeiro tesouro, como São Francisco”.

Depois, padre Carlos frisa a totalidade de Carlo em Deus. “Ele dizia: meu projeto de vida é ser sempre unido a Jesus. Quando estava próximo de morrer, ele sabia e não se desesperou. Ele disse à mãe: ‘Daqui desse hospital eu não saio vivo`. Sua mãe perguntou se ele não estava triste porque teria que morrer tão jovem e ele disse: ‘Não, porque eu nunca desperdicei nenhum minuto fazendo coisas que não agradam a Deus’. Isso é totalidade em Deus”.

Para o sacerdote, o testemunho de vida de Carlo é capaz de contagiar uma juventude que já se mostra aberta à santidade. “Se olharmos de pertinho já temos muitos jovens santos, abrindo o coração. Vi também no Brasil jovens que ajudam os pobres, rezam muito, adoram jesus, rezam o terço, fazem o bem”.

Carlo Acutis foi capaz de desfazer uma das muitas confusões criadas acerca da santidade: ela é um dom de Deus que precisa ser acolhido, não conquistado, esclarece padre Carlos. “Carlo diz para nós neste santuário, cidade já santificada pelo exemplo de São Francisco e de Santa Clara, que a santidade tem que continuar”.

“A gente vem aqui por São Francisco e Santa Clara, que há 800 anos deixaram um grande testemunho de vida em Deus, e quando chegamos aqui nos deparamos com um jovem, que há 14 anos nos deixou e está trabalhando muito pela Igreja lá do céu. Isso faz renovar em nós o desejo da santidade, não por nós mesmos, mas por Deus”.

O bispo de Assis, Dom Domenico Sorrentino, destaca que Carlo era um jovem que falava de fraternidade – tema da recente encíclica do Papa Francisco, a “Fratelli Tutti”. “UM jovem com uma grande devoção eucarística, para ele Jesus eucarístico era tudo. Ele entendia que, na Eucaristia, Jesus se dá, se doa. Temos que aprender com Jesus na eucaristia a nos doar aos outros”.

O prelado destacou sua alegria ao saber do interesse dos católicos do Brasil na história de Carlo. “Fico muito feliz pelo interesse dos brasileiros na beatificação do Carlo. Que ele seja para todo o povo brasileiro uma circunstância de benção”.


Quem foi Carlo Acutis?

“Carlo foi um jovem que viveu aquilo que vivem os jovens nossos contemporâneos, mas soube transformar o ordinário em extraordinário. Por que? Porque colocou no centro da sua vida a presença viva e real de Jesus, sobretudo o Santíssimo Sacramento”. É o que conta Antonia Salzano Acutis, mãe do futuro beato.

Nascido em Londres, em 1991, viveu em Milão, na Itália. Carlo faleceu, em 2006, em Monza, após lutar contra uma leucemia. Foi declarado venerável no verão de 2018. Em 6 de abril passado, seus restos mortais foram transladados para o Santuário do Despojamento em Assis, a pedido do arcebispo de Assis-Nocera Úmbria-Gualdo Tadino, Dom Domenico Sorrentino.

Antonia revela que desde pequeno Carlo começou a ir à missa todos os dias, tinha uma fortíssima devoção mariana e todos os dias, rezava o santo terço. “Ele procurava imitar Maria em suas virtudes porque Nossa Senhora é o exemplo mais alto de santo que temos, depois ele gostava de outros santos, como São Francisco de Assis”, complementa.

Para a mãe de Carlo, o jovem italiano buscou viver o sonho de Deus para toda a humanidade: a santidade. Antonia reforça que o chamado para viver a santidade não é algo exclusivo a alguns, mas sim para todos. “Não é ‘Carlo sim’, ‘São Francisco sim’ e os outros ‘não’. Cada um é especial para Deus, porém é preciso colocar em prática, seguir o Evangelho, os Mandamentos”.


“Deus, na Eucaristia, se doa a nós. E na Eucaristia nós aprendemos a nos doar aos outros. Isso, se traduzia, da parte de Carlo, no amor por todos: amor por aqueles que haviam migrado, as pessoas que haviam deixado a sua pátria, pessoas indigentes. (…) Todas as noites ele levava parte de seu jantar para ajudar essas pessoas. Ele, a seu modo, realmente quis fazer-se próximo”.


O futuro beato ajudava os companheiros de classe, ajudava aqueles que tinham dificuldade no estudo, pessoas que atravessavam momentos difíceis, sobretudo por meio da oração, conta Antonia.

 “Carlo rezava e intercedia por todos, pelas almas do purgatório e pelas pessoas que tinham mais necessidade, pessoas que estavam distantes da fé, porque a oração é uma grande ação também. (…) Carlo levou isso muito a sério”.

O jovem ficou conhecido como o Apóstolo da Eucaristia, por sua devoção e esforço em pregar a grandeza deste sacramento. Ele realizou uma exposição sobre os milagres eucarísticos para compartilhar com todos a alegria de um encontro concreto com Jesus.



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