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O dia em que Santa Teresa espantou o diabo com o poder da água benta

Igreja 04/06/2019/ 09:01:45
O dia em que Santa Teresa espantou o diabo com o poder da água benta


Santa Teresa de Jesus (também conhecida como Santa Teresa de Ávila) é nada menos que Doutora da Igreja.

Religiosa e reformadora da ordem carmelita no século XVI, ela relatou, em suas memórias, ter aprendido que “não há coisa de que os demônios fujam mais, para não mais voltar, do que a água benta”.


Em sua autobiografia, o “Livro da Vida”, ela conta:


“Estava eu certa vez num oratório e me apareceu, do lado esquerdo, uma figura abominável; percebi especialmente a boca, porque falava: era horrível. Parecia que lhe saía do corpo uma grande chama, muito clara, sem nenhuma sombra. Disse-me, aterrorizando-me, que eu me livrara de suas garras, mas que voltaria a elas”.


O depoimento está no início do capítulo 31 de seu livro.


Em seguida, ela revela que tentou espantar o diabo com o Sinal da Cruz: ele foi embora, mas acabou voltando.


“Isso me aconteceu por duas vezes. Não sabendo o que fazer, peguei da água benta que ali havia e lancei-a para onde essa figura se encontrava. Ela nunca mais voltou”.


Em outro trecho, Santa Teresa escreve que o demônio a atormentou em certa ocasião durante cinco horas,


“…com dores e desassossegos interiores e exteriores tão terríveis que pensei não poder suportar. As pessoas que estavam comigo ficaram espantadas e não sabiam o que fazer, nem eu a que recorrer”.


De novo, a santa carmelita relata que só encontrou alívio depois de pedir água benta e jogá-la num local em que, por perto, havia visto um demônio. Ela prossegue:


“A partir de muitos fatos, obtive a experiência de que não há coisa de que os demônios fujam mais, para não mais voltar, do que da água benta. Eles também fogem da cruz, mas retornam. Deve ser grande a virtude da água benta”.


Ela ainda afirma que experimentou o consolo da alma depois de tomar a água, que lhe gerou “uma espécie de deleite interior”:


“Não se trata de ilusão nem de coisa que só aconteceu uma vez, mas sim de algo frequente que tenho observado com cuidado. Digamos que seja como se a pessoa estivesse com muito calor e sede e bebesse um jarro de água fria, sentindo todo o seu corpo refrescar. Penso no quão importante é tudo o que a Igreja ordena e muito me alegra ver que tenham tanta força as palavras que comunica à água benta para que esta fique tão diferente da comum”.


O restante do mesmo capítulo acrescenta vários outros relatos de Santa Teresa sobre o poder da água benta.


Mas, afinal, o que é a água benta?

A água benta é um dos vários sacramentais que existem no cotidiano do católico. Os sacramentais são sinais materiais instituídos pela Igreja para incentivar em nós um relacionamento cada vez mais profundo com Cristo e para nos ajudar a focar na santificação de cada parte da nossa vida, inclusive nas mais singelas e cotidianas. São extensões dos sete sacramentos e nos ajudam a enxergar e acolher a graça de Deus no nosso dia-a-dia.


Exemplos de sacramentais são o crucifixo, o escapulário, as medalhas bentas, o sal abençoado, as imagens sacras, a água benta…


A água benta tem o duplo significado de nos lembrar do nosso batismo e simbolizar a limpeza espiritual. É usada inclusive em exorcismos: o diabo não suporta a água benta porque é inteiramente impuro, imundo para toda a eternidade. Ela evoca a água que fluiu do lado de Cristo, símbolo do batismo, e traz à mente o dia da derrota do diabo: a crucificação de Cristo para nos redimir do pecado e nos oferecer a salvação.

Um antigo costume era fixar recipientes com água benta em algumas paredes da casa: podiam ser simples copos de louça, em cuja água benta cada morador da casa tocava antes de fazer o Sinal da Cruz, acolhendo assim a bênção de Deus. Era frequente que esses recipientes simples, porém dignos, estivessem fixados perto das portas, de modo que as pessoas recorressem a eles ao saírem e retornarem à casa, ou dentro dos quartos dos membros da família, como convite a se manterem sempre puros e próximos de Deus. A água benta também ficava sempre ao alcance quando se desejava de modo especial afastar as influências do maligno.


O depoimento pessoal de um sacerdote da nossa época

O pe. Edward Looney é um sacerdote norte-americano que sempre leva consigo uma garrafinha de água benta quando viaja. Ele afirma:


“O mal pode continuar presente em um recinto muito tempo depois do que quer que tenha acontecido lá dentro…”


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